Lucas 12,8-12.
Naquele tempo, disse jesus aos seus discípulos: «Todo aquele que se declarar por mim diante dos
homens, também o Filho do Homem se declarará por ele diante dos anjos de Deus.
Aquele, porém, que me tiver negado diante dos homens, será negado diante dos
anjos de Deus.
E a todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do Homem, há-de
perdoar-se; mas, a quem tiver blasfemado contra o Espírito Santo, jamais se
perdoará.
Quando vos levarem às sinagogas, aos magistrados e às autoridades, não vos
preocupeis com o que haveis de dizer em vossa defesa,
pois o Espírito Santo vos
ensinará, no momento próprio, o que deveis dizer.»
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário ao Evangelho
feito por
Santa Perpétua e Felicidade |
Paixão das Santas
Felicidade e Perpétua (início do século III)
§§ 2-3
«Todo aquele que se declarar por Mim diante dos homens, também o Filho do Homem
Se declarará por ele diante dos anjos de Deus»
Prenderam alguns jovens catecúmenos: Revocato e Felicidade, ambos escravos,Saturnino
e Secundino, e com eles encontrava-se Víbia Perpétua. Esta era nobre de
nascimento, tivera uma educação esmerada e fizera um bom casamento. Perpétua
tinha ainda pai e mãe, dois irmãos – um dos quais catecúmeno, também – e uma
criança ainda de peito. Tinha cerca de vinte e dois anos. Ela própria relatou a
história completa do seu martírio. Ei-la, escrita por seu punho, com base nas
suas impressões:
«Estávamos ainda com os guardas, mas o meu pai já estava a tentar
convencer-me. Na sua ternura, tudo fazia para me enfraquecer a fé.
- Pai, disse-lhe eu, estás a ver esse vaso caído no chão, a bilha e aquela coisa
ali?
- Estou, disse o meu pai.
- Podemos designá-las por outro nome que não seja o seu?, pergunto-lhe eu.
- Não, respondeu.
- Pois bem, também eu não posso ter outro nome que não seja o meu, mas apenas o
meu nome verdadeiro: sou cristã.
«O meu pai ficou exasperado com tais palavras, e avançou para dar cabo de mim.
Limitou-se a agarrar-me e abanar-me com força e foi-se embora, com os argumentos
do demónio, vencido. Durante alguns dias não voltei a ver o meu pai; dei graças
a Deus por isso, essa ausência foi para mim um alívio. Foi precisamente durante
esse curto lapso de tempo que fomos baptizados. O Espírito Santo inspirou-me a
nada pedir à santa água a não ser força para resistir fisicamente.
«Alguns dias mais tarde, fomos transferidos para a prisão de Cartago.
Fiquei espantada com esta prisão: nunca me vira em trevas tais. [...] A inquietação
devorava-me, por causa do meu filho. [...] Acalmava o meu irmão, pedindo-lhe
que tomasse conta do meu filho. Sofria muito por ver a minha família sofrer por
causa de mim. Durante longos dias, estas inquietações torturaram-me. Acabei por
conseguir que o meu filho viesse ficar comigo na prisão. Recuperou as forças
sem demora. De repente, a prisão transformou-se-me num palácio, e e eu
sentia-me ali melhor do que em qualquer outro lugar.
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